quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Gaia no passado



Na área jurisdicional da antiquíssima povoação de Cale, de fundação romana, criou-se, no sopé do cerro em que era situada, e marginando com as águas do Douro, a povoação de Gaia) que, naqueles tempos, começou a florescer, em alto grau, devido a constituir o porto) ou cais de embarque e desembarque de passageiros entre as margens do sul e do norte do rio.

Com efeito, no largo fronteiro da margem direita do Douro, havia outro cais ou porto, onde, mais tarde, o Rei D. Manuel I, talvez para boa recordação de ali ter desembarcado, quando foi de visita ao túmulo de Santiago, Galiza, mandou edificar uma sólida porta, a qual, pela sua magnificência para a época, o povo começou a designá-la por Porta Nobre.
Do ponto obrigatório de ligação entre os cais de Gaia e da Porta Nobre, ainda hoje subsiste o nome de Cais da Boa Passagem.

Do quanto era florescente a povoação de Gaia na época em que a Rainha D. Teresa, no ano de 1120, fez doação do cerro de Penaventosa à Sé do Porto, há a destacar-se o facto do bispo D. Hugo e seus sucessores continuarem a manter o primitivo cais, e fronteiro ao de Gaia, ainda que ficasse bem distante da sede do seu episcopado.

Portanto, naquele tempo toda a área da actual Ribeira era deserta e por certo inacessível a ancoradouros dos barcos. Também, do lado fronteiro, Gaia, toda a zona desde a entrada da ponte de D. Luís até à entrada das ruas Rei Ramiro e do Marco estava desabitada.

O Rei D. Afonso desejando comparticipar nos fabulosos rendimentos que os bispos do Porto arrecadavam pelos impostos cobrados sobre as mercadorias saídas dos barcos vindos do Alto Douro, resolveu fundar, a nascente do antiquíssimo lugar de Gaia, no ano de 1255, a sua Mea Vila de Gaia.

Então, os prelados do Porto, para evitarem a ida de barcos para a margem da Mea Vila de Gaia resolveram estabelecer um aparelho apropriado a guindar as mercadorias dos barcos para terem, facto que originou dar-se ao sítio em que funcionava o referido guindaste – e outros que ali se colocaram – o nome de Guindais.

Verifica-se, pois, que os bispos da vizinha cidade se esforçavam por cobrar o máximo dos impostos sobre as mercadorias conduzidas nos barcos da região douriense.
E quando os barcos não aproavam ao sítio dos Guindais, logo se levantavam graves desavenças entre os empregados da mitra e os da coroa, que viviam na nova Vila de Gaia, a ponto dos monarcas, por vezes, terem de expedir reclamações violentas aos sucessores do bispo D. Hugo.

A nova Vila, fundada por D. Afonso III, teve o nome do antiquíssimo lugar de Gaia, em virtude desta povoação ser bastante conhecida na corte, desde remotos tempos, devido ao seu porto ou cais de embarque e desembarque de passageiros.

No ano de 1288, a 13 de Agosto, o Rei D. Dinis concede novo foral a Gaia, no qual estabelece que ao burgo velho do Porto, designado no foral de seu pai, fosse dado o nome de Vila Nova de Rei.

Verifica-se, pois, que a nova Mea Vila de Gaia, assim, mais se distinguia daquela pela sua nova denominação.

Com efeito, no foral dado pelo Rei D. Manuel I, a Mea Vila de Gaia, cuja área, naquele tempo, compreendia desde o sítio da Cruz do Penedo – também chamado Guindais por motivo de ter guindastes para carga e descarga de mercadorias – próximo à actual entrada do tabuleiro inferior da ponte de D. Luís I até à entrada da actual Rua das Costeiras – então chamada Cruz do Coadjutor – onde havia um marco divisório que, por fim, se perpetuou na rua actual, que tem este nome, e, de norte a sul desde a margem do rio Douro até à fonte chamada do Cabeçudo, exclusive, vem designada por Vila Nova de Gaia.


Foto »»»»» Vila Nova de Gaia, Rio Douro e Porto




Um bem-haja





1 comentário:

  1. Foi preciso "ir ao Brasil" para saber um pouco da história do local onde vivo... Curioso! Esta é a minha cidade "por adopção"!
    O seu perfil demasiado complexo, deixa-me um pouco inibida mas...aqui estou para o seguir! Bom fds Graça.

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