O nome de «Avintes» surge, frequentemente, aliado à broa. Contudo, os tempos áureos do fabrico e distribuição deste produto já lá vão Embora ainda hoje se possa falar na padaria como uma das mais importantes actividades da freguesia, não tem já - nem de longe nem de perto - a imponência e o significado que teve noutros tempos, principalmente no século XVIII.
Por essa altura, a moagem dos cereais era a principal ocupação em Avintes. Gondim («Avintes e suas Antiguidades»), baseando-se nas suas investigações, nota que em 1764 havia grande quantidade de pessoal empregado nesta actividade. Segundo o mesmo autor, em 1747 coziam-se, por semana, na freguesia, 96 carros deste pão. Em 1758 as águas do Febros faziam girar cinquenta rodas de moinhos.
No entanto, a apetência da freguesia para a moagem surgiu muito antes. De acordo com estudos realizados, a actividade deve ter surgido no reinado de D. Dinis. Este monarca, receoso dos incêndios, proibiu a cozedura do pão de milho na cidade. Estavam, então, abertas as portas da oportunidade para Avintes. A produção aumentava.
O seu especial paladar abriu-lhe fronteiras e trouxe-lhe a fama. O cuidado com que era tratado, o ser fabricado de farinha recentemente moída em bons moinhos de água, como são os do Febros, davam-lhe um gosto inimitável. O desenvolvimento desta área atingiu níveis inicial mente impensáveis.
Em 1809 os franceses reconheceram o papel que tinha Avintes na produção da broa. Em plena altura das Invasões Francesas pouparam a freguesia do saque geral para que continuasse a fornecer o alimento à cidade. A prosperidade desta actividade foi crescendo significativamente. Avintes tinha o monopólio, quase exclusivo, do fabrico da broa. Gondim fala na existência, nos inicias do século XIX, de mais de 50 padeiros e de 300 carros de pão por semana.
A vendedora da broa, pela sua peculiaridade, alegria e vivacidade passou a ser tão conhecida como o próprio produto. A Padeira de Avintes entrava na história e na tradição local. Foi cantada, pintada e esculpida. Um monumento faz-lhe jus. Com o seu traje típico personifica a força, a vontade e a graça de todas as mulheres de Avintes.
Chegar-se-ia, mais tarde, a um período negro, de crise. Ao rápido processo de ascensão desta actividade seguiu-se uma rápida decadência. A venda do pão a peso minou e abalou a vida dos fabricantes avintenses.
Tudo porque se recusaram em acatar a obrigação de comercializar a broa a peso. Esta atitude motivou inúmeras queixas dos consumidores. Com a deliberação camarária de 1854 a impor tal venda, os padeiros da freguesia optaram pela greve. Foi um caminho sem retorno. A dependência da cidade no pão de milho de Avintes era tal que necessitaram de criar alternativas para alimentar os seus moradores. Construíram-se, então, fornos dentro da urbe. Chegou uma altura em que os fabricantes de Avintes não conseguiram mais manter a sua luta, sob - o risco de fecharem os seus fornos. Mas era já tarde de mais. A concorrência era muita e feroz. Tinha sido um duro golpe à actividade mais florescente (até à altura) desta freguesia.
Hoje em dia, o fabrico da broa está industrializado e os moinhos caíram em desuso. Mesmo assim, nesta freguesia, a produção continua a ser artesanal. Quer se queira, quer não, Avintes e Broa ficarão unidos para todo o sempre.
FOTO - Forno artesanal com duas broas de Avintes e pá de forno.
Bem-haja
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
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